Era mais um dia normal. Acordei cedo, tomei meu banho, fiz minha higiene bucal matinal, tomei meu café e comi minha fruta. Mais uma vez a higiene bucal e eis que eu estou pronto para o trabalho. Minha rotina começa cedo, sim senhores. Faltando pouco mais de uma hora para começar a fazer o que mais amo na vida: lecionar.
Pego meu carro e me dirijo ao local onde há mais de 30 anos bato meu ponto diariamente, sempre cheio de energia para aquela vibrante troca de conhecimento. É claro que nesse tempo todo, desde que entrei pela primeira vez em uma sala de aula até hoje, muita coisa mudou. Algumas para melhor, outras nem tanto.
Eis os fatos: antigamente, quando entrava em sala de aula os alunos, em sinal de respeito, ficavam em pé, afinal o professor era a autoridade máxima. Hoje, são raros os momentos que isso ocorre. Muitas vezes, nem se quer respondem ao cumprimento corriqueiro.
Mas como eu disse no início da minha narrativa, era mais um dia normal. Para mim e para milhares de colegas meus. Mas não foi normal para uma professora em especial: a professora Elisabete, de 71 anos, de São Paulo. Uma senhora que amava a profissão, assim como eu e tantos outros. Amava explicar os conceitos da ciência, as maravilhosas aulas com o objetivo de ensinar nossas crianças, jovens e adultos a serem pessoas de bem, compromissadas com o poder do conhecimento.
Mas ela estava à frente de um menino, uma criança, de apenas 13 anos. Ele, como muitos podem dizer, vítima da sociedade, ou sei lá o que podemos inferir para esse individuo, a esfaqueou. E sim, ela foi lecionar no andar celestial.
Não sabemos o nome do menino, nem podemos, é menor. Duas famílias acabadas. A de Elisabete, que não terá mais o seu carinho corriqueiro, o seu sorriso fácil, o seu conhecimento despertando saberes; e também sofre a família do menino de 13 anos, pai e mãe que possivelmente nunca imaginaram que esse teria o poder de tirar a vida de alguém, de maneira tão leviana. Tão cruel.
E esse é somente um de inúmeros casos que podemos recordar, em que educadores e estudantes são mortos dentro do local onde deveríamos nos sentir extremamente seguros: a escola. No mesmo dia, nos Estados Unidos, um massacre matando crianças e adultos ocorreu. No dia seguinte a tais crimes, no Rio de Janeiro, um jovem de 15 anos, se achou no direito de portar uma arma branca e adentrar na escola que estudava, mas graças a garras mágicas não conseguiu ferir seu alvo: uma colega a quem ele estava apaixonado...
E qual a lição que fica para nós? Precisamos de mais segurança, e isso não é de hoje. Há anos se pedem melhores condições para que possamos trabalhar com mais tranquilidade. E a cada caso desses que ocorreram nesta semana (nada inédito por aqui e lá fora) demonstra o quanto nossa CLASSE precisa de mais respeito.
Rodrigo Toigo