O CASAMENTO

Tudo estava preparado, seria a festa mais bela de casamento que o povo daquela linda cidade já vira. A Igreja Matriz, toda construída em pedras, estava enfeitada com muitas flores vermelhas, brancas e rosas, que davam um ar angelical, cujo perfume penetrava pelas narinas dos convidados que chegavam aos poucos para a grande cerimônia. O tapete vermelho no chão para a entrada dos casais estava a postos como se anjos fossem pisar nele.

Enquanto os convidados chegavam à Igreja, Maria Eduarda, a noiva, estava em sua casa, arrumando-se para o dia mais feliz da sua vida.

_ Meninas, apurem, por favor, senão irei chegar atrasada ao meu casamento.

_ Calma, querida, é só questão de uma hora e você já estará pronta.

Mas para Maria Eduarda uma hora seria o mesmo que uma vida toda. Já estava com o vestido branco em seu corpo, porém, faltavam alguns ajustes aqui, uma costurinha rápida ali, para ficar perfeito.

_ Você é a noiva mais linda de toda a história da nossa cidade, minha filha.

Sua mãe tinha razão. Dona Perpétua viveu na cidade a sua vida toda, e nunca viu noiva mais bela. Maria Eduarda é filha de uma das famílias mais tradicionais do município. Seu bisavô ajudou na colonização. Dona de perfeitos olhos azuis, e de um cabelo loiro que vai até a região da cintura, com o seu corpo de cinquenta e pouquinhos quilos e uma altura de um metro e setenta e cinco, fazia qualquer homem delirar por ela.

_ Que pele.

_ Que quadris.

_ Ai, essa mulher é a nora que mamãe pediu a Deus.

E por aí iam os comentários dos homens da cidade. Onde ela passava, era como se uma deusa estivesse acabado de estar. Todos os homens babavam pela beleza e simpatia da dama que estava para se casar.

Mas de todos os homens da cidade, apenas um conseguiu arrematar o coração dessa jovem beleza. João Vítor é o nome do grande felizardo. O amor dos dois vem de longa data. Ainda eram adolescentes quando se encontraram, estudavam juntos. No início se odiavam, é verdade. Ambos sempre foram muito inteligentes, então, faziam de tudo para tirarem as melhores notas, competiam entre si para ver quem ia melhor no colégio, com notas superiores. Daí a briga acirrada, bimestre por bimestre. Mas os anos passaram e as brigas tornaram-se cada vez maiores.

Até que na formatura do último ano do colegial, ambos se olharam diferente. Ela estava em um vestido vermelho intenso, demonstrando toda a sua beleza, e ele, em um terno normal, como todos os outros formandos, porém, seus também olhos azuis e cabelos loiros, jogados de qualquer forma em sua cabeça, davam a João Vítor um olhar misterioso e ao mesmo tempo apaixonante. Ali começou o amor intenso entre eles.

Passaram juntos pela faculdade, ela formou-se médica, e ele advogado. Prometeram, ao findar seus cursos, casarem-se. E o grande dia chegou. O noivo chega à Igreja. Faltam quinze minutos para o cerimonial. Seu cabelo ao mesmo estilo de sempre, jogado, sem muita paciência para arrumá-lo. Sim, pensem como quiserem, porém, o noivo é o homem mais lindo de todos os homens da Igreja. Sua pele de bebê e seu olhar marcante lhe dão um aspecto interessante, porém, seu nervosismo é de fácil percepção. Olhou para o relógio. A noiva já deveria ter chego, mas ainda não estava presente. Em sua casa, Maria Eduarda já estava aos berros com sua costureira, mãe e irmã.

_ Pronto. Acabamos. Vamos?

_ Graças a Deus. Nossa, nunca mais quero casar.

_ Que bom, filha.

_ Não digo isso pelo João, mamãe. Mas pelo trabalhão que dá.

Maria Eduarda, sua mãe e sua irmã são levadas pelo motorista da família até a Igreja. Ao saber que sua amada chegara, João fica aliviado. Ela começa a entrar na Igreja, ao lado de seu pai. É tocada a tradicional música de entrada, lágrimas, suspiros, e muitos murmúrios: “que linda, ela está fantástica”, “como gostaria de estar no lugar do João Vítor”, “linda, rica e simpática”. Mas também havia comentários maldosos, como o famoso “não dura três meses”, “casamento de rico é igual trem bala, passa voando, ninguém vê”.

Maria Eduarda chega ao altar, seu pai dá sua mão ao noivo, o padre inicia a cerimônia. Silêncio total na Igreja. Uma vida toda passa na cabeça dos noivos. A infância de ambos, o tempo de colégio, o primeiro beijo, a primeira noite de amor de ambos. A faculdade. A formatura. O grande dia.

_ Sim – responde ele.

_ Sim – responde ela.

E com o aval do padre, ambos se beijaram, iniciando uma nova vida para Maria Eduarda e João Vítor.

Agora o futuro deste jovem casal, está no grande amor que um nutre pelo outro.

Rodrigo Toigo