
Falar de memórias é sempre algo empolgante e emocionante. Eu, por exemplo, lembro-me de quando ainda criança chegava das aulas do Castelo Branco, onde estudava à tarde, no antigo primário, e corria para frente da televisão. E aí começava uma maratona noveleira: eram os dramas das seis, as comédias das sete, e os romances das oito, todas da Globo, e ainda sobrava um tempinho para os melodramas mexicanos do SBT. Sempre na companhia de minha mãe, e nas novelas mais tarde, do meu pai também, após chegar do trabalho.
Eram bons tempos. Tenho memórias deliciosas daquela época, pois às vezes até brigava para poder ver a trilogia das Marias, da Thalia, ou então, A Usurpadora, à época, no mesmo horário do Jornal Nacional. Faz parte das minhas lembranças grandes histórias de amor, onde eu ria e me emocionava. Consigo lembrar com exatidão uma cena em que um personagem (infelizmente não lembro a novela), já idoso, era humilhado por alguém, e eu chorei compulsivamente. Outra vez, recordo como se fosse hoje, ao final do último capítulo da novela mexicana Carrossel, chorei piedosamente, de soluçar, a época, era uma reprise que passava no horário do almoço.
Pois é, depois disso eu fui crescendo, comecei a trabalhar e passei a estudar à noite. E já eram as novelas da Globo ou do SBT. Ficaram apenas na lembrança. Acompanhava sobre elas nos jornais – ainda impressos – e nos primeiros sites de fofocas que foram surgindo na ainda “bebê” internet. Com o tempo, é verdade, aquela paixão infantil e adolescente por esses melodramas, foi ficando de lado.
Contudo, o mundo evoluiu, as novelas foram caindo em qualidade, e eis que surgem os famosos streamings, que vieram para dividir com a TV os nossos sonhos. Ali podemos assistir a hora que quisermos e pudermos a filmes, séries, novelas, desenhos animados e documentários. Demorei um longo tempo para me render a Globoplay, mas ao ler um anúncio promocional, não pensei duas vezes: assinei. E agora estou apaixonado por uma história que nunca assisti, mas que fez parte da minha infância por tudo o que remetia a ela: Vamp, uma famosa comédia das sete, sobre vampiros. E que delícia nostálgica está sendo assisti-la. Chego a sonhar com as personagens. Fora tantas outras atrações que estão ali, na telinha à hora que eu puder ver.
E hoje, ao escrever esta crônica sobre memórias da TV, não posso deixar de enaltecer um grande humorista, apresentador e escritor: Jô Soares, que se foi, deixando um legado de experiência, talento e vitalidade, entre programas de humor da Record, Globo e SBT, e seus talk shows, com inúmeras e deliciosas entrevistas. A TV brasileira perde mais um monstro do humor, e assim, ficamos mais tristes. E a nossa literatura se despede de um grande escritor, aliás, li recentemente O Xangô de Baker Street, uma graciosa viagem aos tempos de D. Pedro II.
Pois é, o tempo passa, e os grandes se vão, e novos talentos vão chegando. Difícil superar os antigos, mas nada impossível. Cada qual com seu próprio espaço. Agora, me deem licença, pois a Natacha, os Rochas, a Carmem Maura e a família Matoso estão me aguardando, para mais um capítulo de Vamp.
Rodrigo Toigo
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