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BIOSSEGURANÇA E O VELHO NORMAL: RESGATE DE HÁBITOS.

Por: Gisele Reisdoerfer

- Cirurgiã-dentista

- Mestre em Ciências.

- Doutora em Odontologia Clínica

- Docente do Curso de Odontologia da Unisep, Campus de Francisco Beltrão.


Gisele Reisdoerfer

A doença COVID-19 é causada pela Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARS-CoV-2, e quando comparada com outros surtos por coronavirus (SARS-CoVem 2003 e MERS-CoVem 2012), é menos grave, mais se espalha mais facilmente levando a mais mortes (Ren et al., 2020).

Devido à estas características, esta pandemia trouxe a tona uma bela atitude, a de se proteger para proteger o outro, de fazer o certo em prol do coletivo, ou seja, praticar biossegurança, que tem por definição a segurança da vida. Mas, porque menciono o “velho normal” no título se o clichê da moda é o “novo normal”? Lembremo-nos das antigas etiquetas: a da tosse, do espirro, da higienização das mãos, de não entrar com o sapato sujo que veio da rua e tantas outras que você lembrar neste momento.

Como docente de Odontologia, ensino temas relacionados as normas de Biossegurança que o acadêmico e o profissional da área devem adotar na sua prática clínica diária. Posso afirmar, que a maioria dos livros didáticos da área da saúde trazem seu primeiro capítulo o tema Biossegurança, assim como foi uma das minhas primeiras aulas na graduação a mais de 20 anos.

Dentre os profissionais da saúde, o cirurgião-dentista é um dos mais suscetíveis a exposição a microorganismos, por trabalhar muito próximo do paciente, em contato com sangue e saliva (Boraks, 2011). Tal fato é agravado pela produção de aerosol durante os procedimentos, assim o real motivo da suspensão do serviço odontológico universitário, público e privado, focando apenas nos casos de urgência se devem a existência de assintomáticos + período de incubação versus o aerosol. A partir disso inúmeras pesquisas científicas começaram a se desenvolver para confirmar o papel da mucosa oral na infecção por COVID-19 (Xu, H. et al., 2020), bem como a função das glândulas salivares no processo epidêmico de infecções assintomáticas (Xu, J. et al., 2020). Ao mesmo tempo, protocolos de uso de equipamentos de proteção individual, limpeza de superfícies, cuidados com o paciente antes e durante o atendimento foram consolidados, pois afinal em algum momento a rotina do dentista e das instituições de ensino necessitavam voltar ao normal.

Por isso, devemos estar constantemente cientes das ameaças infecciosas que podem desafiar os regimes de controle de infecções, especialmente nas clínicas odontológicas públicas, privadas e instituições, a luta sempre foi e continuará sendo com o invisível.

Diante desta exposição de idéias quero chamar a atenção dos gestores, da população em geral e dos profissionais da saúde, em que devemos sempre aplicar as normas já impostas, buscar melhorar as estratégias de prevenção e controle de infecções já existentes, para que a correria do dia a dia não nos faça pular etapas, ou negligenciar o que está estabelecido.

Portanto, seguir à risca as normas de Biossegurança neste momento é o primeiro passo antes de qualquer ação, assim resgatamos hábitos esquecidos e incorporamos novas atitudes com eficácia comprovada, que com certeza vieram para ficar e nos deixar mais seguros.

REFERÊNCIAS

1. Ren, YF; Rasubala, L; Malmstrom, H; Eliav, E. Dental Careand Oral Health under the Clouds of COVID-19.JDR ClinTrans Res, 2020; 5(3):202-210.doi: 10.1177/2380084420924385.

2. BORAKS, S. MEDICINA BUCAL: Tratamento clínico-cirúrgico das doenças bucomaxilofaciais. 1ª ed., Artes Médicas, São Paulo, 2011.

3. Xu, H; Zhong, L; Deng, J; Peng, J; Dan, H; Zeng, X; Li, T; Chen, Q. High expression of ACE2 receptor of 2019-nCoV on the epithelial cells of oral mucosa. Int J Oral Sci, 2020;12(1): 8. doi: 10.1038/s41368-020-0074-x.

4. Xu, J; Li, Y; Gan, F; Du, Y; Yao, Y. Salivary Glands: Potential Reservoirs for COVID-19 Asymptomatic Infection. J Dent Res, 2020;99(8):989. doi: 10.1177/0022034520918518.

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