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O cisne negro e a Indústria

Por: Erivelton Sabino Cecchin Gheller

Engº Industrial da Madeira -UFPR

Engº Segurança do Trabalho -UNIPAR

MBA Gestão empresarial – FAE


Erivelton Sabino Cecchin Gheller

Eventos inesperados de grande magnitude e consequências em nossas vidas são denominados como eventos “Cisne negro”. Essa teoria tornou-se popular por Nicholas Taleb, quando comparou a ocorrência de eventos improváveis na sociedade com a ocorrência menos frequente e pouco observável dos “cisnes negros” na natureza. Ambos são raros e pouco observados, mas existem e são reais. O problema é que esquecemos deles. O cisne negro é uma alusão simbólica aos eventos inesperados, mas que estão à espreita de emergir e provocar drásticas mudanças.Num mundo cada vez mais globalizado, é muito difícil para qualquer ser humano prever um grande acontecimento, que muitas vezes depende de milhares ou até mesmo milhões de variáveis.

Os impactos e as incertezas que a pandemia do novo coronavírus está causando nos setores industriais em todo mundo são enormes e consequentemente, estão refletindo em nossa realidade, tanto no que diz respeito ao número de vidas humanas que poderão ser ceifadas, quanto aos seus efeitos sobre a economia regional.


As medidas de isolamento social voluntária ou involuntária parecem ser, até o momento, as melhores formas de combater a propagação da doença, fato esse, que não temos nenhum caso da doença constatado até o momento em nossa cidade. Porém essas ações nos mostram que precisamos estar preparados e aprender a lidar com elas para não somente garantirmos as nossas vidas, mas também a saúde e a manutenção dos empregos e de nossas empresas.


Os efeitos que essas medidas ocasionaram foi um desequilíbrio na economia desarmonizando a oferta e demanda dos produtos. De acordo com a consulta empresarial realizada pela CNI recentemente aponta que 91% dos empresários relatam impactos negativos, sendo que os principais são: à queda de faturamento; cancelamentos de pedidos e encomendas e a queda da produção. Na nossa região, Sudoeste do Paraná, segundo a Coordenadoria das Associações Comercias e Empresarias do Sudoeste (Cacispar), as demissões aparecem em destaque.


Não bastasse isso, a falta de previsibilidade e planejamento governamental resultou em um ambiente de enormes incertezas e insegurança em todo o setor industrial.


Mas como lidar com essas incertezas? De certa forma não existe resposta certa ou estratégias simples diante de cenários como esse, “cisnes negros”. Sobretudo, quando esses cenários são resultantes de contextos mundiais. Nem sempre a empresa possui um plano de gestão de crises, seja por causa do tamanho, tipo de operação ou preparo dos gestores. É necessário ponderar que diante dessa situação e de alterações drásticas no comportamento das pessoas, precisamos pensar em quais ações podemos tomar para reduzir riscos das nossas operações e ampliar as chances de sobrevivência dos nossos negócios.


Recomendo que todas as empresas façam o que Taleb denomina por prática da incerteza. Ele divide o mundo entre o “mediocristão” e o “extremistão”. A grande maioria das empresas prefere viver no mediocristão, pois nela é onde se encontra o óbvio, o rotineiro e, sobretudo o consenso. Já do outro lado, uma minoria prefere viver no extremistão, onde se reina o imprevisível, o diferente e o singular. Agora, tente adivinhar em qual dos dois “mundos” está a empresa melhor preparada para encarar um cisne negro?. O que ocorre é que as empresas que buscam atuar no extremistão requerem um poder de adaptação, uma resistência pessoal e intelectual, evidentemente, fora do comum. É nesse terreno onde podemos encontrar as grandes empresas e empresários de sucesso e, para eles, o sucesso não está no excesso de planejamento, mas sim, num bom faro por oportunidades, inovações, mudanças de comportamento e num pensamento sempre independente do que é consensual.


Embora a pandemia de coronavirus represente um desafio único, já enfrentamos outras crises semelhantes - financeira 2008, greves em 2018 - no passado e nos reerguemos mais fortificados. Quem se prepara e se adapta, sai mais forte deste tipo de situação. É momento de reflexão e encontrar possíveis caminhos para amenizar os impactos e quem sabe tirar alguma lição no longo prazo.

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