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Portal MEIGA TERRA
27 de jan. de 2024
In Contos e Crônicas
Por que o Sol saiu? Por que seu dente caiu? Por que essa flor se abriu? Por que iremos viajar no verão? O mundo é bão, Sebastião Compositor: NANDO REIS (Jose Fernando Gomes Dos Reis) Letra de O Mundo É Bão, Sebastião! © Warner/Chappell Edições Musicais Ltda. Cara Luiza! Você vai viajar! Vai desbravar o mundo! E o mundo, minha querida, é bom sim. As oportunidades que se desvelam na nossa trilha por este planeta devem ser sorvidas com ímpeto e gula. Não podemos ser comedidos perante o desconhecido! Nele forjaremos nosso caminho. Com medo do desconhecido? Vista-o como armadura e siga. Para o projeto do qual você está participando (que visa levar os alunos paranaenses para intercâmbio em outros países) é preciso ter coragem! Também vontade e muita curiosidade, pois é isso o que nos proporciona o conhecimento. Para tanto, seu perfil escolar e sua capacidade lhe garantiu essa vaga. Por ser extraordinária, certamente saberá aproveitar a oportunidade e obter o melhor dela. A imprevisibilidade será a companheira de viagem, mas tenha em mente que sua essência é única. Sua identidade estará marcada pelo ser que você é, com sua bagagem emocional, intelectual e social. Então, uma jornada como essa pede despojamento de qualquer generalidade. Esse movimento revelará possibilidades infinitas de encantamento e, com certeza, estranhamento, mas o aprendizado desta imersão será todo seu e para sempre ficará impregnado no seu ser de modo indelevelmente transformador, afinal, nunca retornamos de uma viagem da mesma forma que a iniciamos. Um clássico da literatura mundial – Alice no País das Maravilhas, do escritor inglês Lewis Carroll, narra a jornada de Alice numa aventura surreal em busca de sua identidade, permeada de descobertas do mundo exterior e interior. Veja então o que lhe trazemos como inspirações que tal livro nos oferece: “A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”. Nossa humanidade sonha, porém muitas vezes esses sonhos são impossibilitados pela conjuntura de nossa vivência; decisões importantes sempre são acompanhadas de receio, mas a coragem é nosso alimento. “A curiosidade nos faz descobrir mundos incríveis”. Sair da nossa zona de conforto, do nosso lar, da nossa escola, da nossa cidade pequena, do nosso porto seguro e deixar a novidade ocupar nossos espaços é uma forma de usufruir, aproveitar e beneficiar-se das possibilidades que nos são apresentadas, e, como se diz em inglês, make the most of it! Tanto para nós quanto para os que nos cercam. “Medos não devem se sobrepor aos sonhos”. Os sonhos são parte da construção da nossa individualidade, então, se você sonhou com essa oportunidade, transforme-a toda ela em um sonho possível. “O segredo, querida LUIZA, é rodear-se de pessoas que te façam sorrir o coração”. Com esse sentimento e nossos corações sorrindo lhe enviamos e desejamos que você faça uma trilha maravilhosa no Canadá. Nossa família do Colégio Abílio Carneiro lhe parabeniza pela oportunidade! Agradecemos por fazer parte do nosso Colégio e lhe desejamos um excelente aprendizado nesta aventura fantástica de “ganhar o mundo”! P.S. Ganhando o Mundo é um programa de intercâmbio criado pelo Governo do Estado do Paraná e oferecido para estudantes, professores e pedagogos da rede pública estadual de ensino. O objetivo é propiciar formação acadêmica em instituições estrangeiras, potencializar o desenvolvimento da autonomia, bem como aperfeiçoar o idioma da língua inglesa, além de propiciar experiências culturais e pedagógicas que possam ser compartilhadas, posteriormente, nos colégios estaduais do Paraná. Esse Programa foi instituído pela Lei nº 20.009/2019. A aluna clevelandense contemplada do Colégio Estadual Abílio Carneiro EFMP foi LUIZA CRISTINA DE OLIVEIRA DE LIMA, Referências: https://www.ganhandoomundo.pr.gov.br/(https://www.ganhandoomundo.pr.gov.br/) CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Porto Alegre: L&PM, 1998. 172 p. Autora: Alice Kachuki (Assistente de Município – NRE Pato Branco/PR) Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais .... Revisora: Denise Cristina Aziliero (Assessora Técnico/Pedagógica – CEE/PR) Professora graduada em Letras Inglês/Português.
O mundo é “bão”, Luiza! content media
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Portal MEIGA TERRA
14 de out. de 2023
In Contos e Crônicas
“Se não morre aquele que escreve um livro e planta uma árvore, com mais razão não morre o educador, que semeia vida e escreve na alma.” (Bertold Brecht)" “Tudo que fizeres faça com amor”. A profissão que escolhemos ou que nos escolheu, exige uma dedicação de apaixonados, ou melhor, enamorados. Brilho no olho, corpo trêmulo, coração acelerado, suor frio... Aos poucos, e aí se contabilizam todos os anos trilhados, tudo arrefece numa falsa calmaria, como o conforto que nos proporciona água gelada no calor do verão. Mas, de repente, tudo retorna com intensidade de ventania anunciando tempestade e novamente somos inundados pelo desejo de aprender e ensinar, inspirando nossos alunos a sentirem que, sim, podemos fazer a diferença, através da educação. O dia 15 de outubro é marcado como o Dia do Professor, criado com o intuito de homenagear esse profissional cuja importância é crucial para o desenvolvimento de todos os seres humanos durante todas as etapas de sua formação escolar. Iniciando lá na Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, o Ensino Médio e/ou o Ensino Superior, são esses profissionais que guiam os indivíduos pelos caminhos do conhecimento. A data é celebrada em 15 de outubro em referência a Dom Pedro I que, no dia 15 de outubro de 1827, emitiu uma lei sobre o Ensino Elementar. No que se refere ao desenvolvimento da educação no Brasil, essa lei foi considerada um passo muito importante porque tratou dos objetos de estudo dos alunos, definiu que todas as cidades do Brasil deveriam ter Escolas de Primeiras Letras (Ensino Fundamental), e até estipulou o salário dos professores. Ser professor(a) é missão, vocação, sacerdócio, ato de coragem. Não me reportarei aqui à questão salarial ou desvalorização profissional, pois não tenho intenção de chorar as mazelas de práticas governamentais que não priorizam a Educação de um povo para obter melhor desenvolvimento e qualidade de vida a todos. De forma singela a homenagem vai para a “primeira professora”. A alfabetizadora que ensina o letramento e desvela o fantástico mundo da leitura, a compreensão e interpretação de textos e consequentemente, a arte da escrita. Não frequentei o Jardim de Infância. Não recordo que houvesse algum na cidade na minha infância. Lembro-me, por outro lado, do Ensino Primário e da classificação como primeiro ano forte e primeiro ano fraco. As professoras eram genuinamente admiradas! Algumas temidas pela rigidez e firmeza com os pupilos; outras amadas pela docilidade ou pelo encantamento que proporcionavam aos alunos curiosos. Josefina Nadir L Aziliero, ensinou-me a ler. Tenho maior respeito por quem mostra o quão grande se torna o mundo quando se sabe ler. Hoje convivo com minha professora alfabetizadora. Sou sua escudeira nas leituras bíblicas, nas missas e no Apostolado da Oração. Aproveito essa data tão linda para agradecê-la profundamente por ter ensinado aquela garotinha tímida e birrenta a ler, pois, "tornaste possível todas as minhas impossibilidades”. Se pudermos classificar amigos, Cássia Cristina Riboli, além de amiga é minha irmã de vida. Minha admiração por ela é imensa, pois foi alfabetizadora por 30 anos na Rede Pública Municipal. Ser alfabetizador é de uma nobreza ímpar! Digo isso porque ensinar alguém a ler é literalmente desvendar-lhe os olhos para um mundo repleto de informações e códigos. Outro grande mérito de Cássia, para mim, foi o de introduzir-me na profissão. No auge da rebeldia da juventude, não me via como professora e ela com seu jeito nada sutil disse-me: “...você pode e vai ser!” Eterna gratidão. Observo hoje com o filtro do tempo que em cada nível de escolarização temos as benesses e as insatisfações próprias do ofício: dias bons, anos ruins, turmas produtivas, outras nem tanto, problemas sociais, emocionais, simpatia, empatia, inseguranças, reconhecimento... ou não... Mas, dentro de todo esse contexto marcado pela instabilidade e mutabilidade, com certeza posso afirmar que para nós nada aquece mais do que um sorriso afetuoso, um abraço sincero, uma criança dizendo: “adoro o jeito que você conta HISTÓRIA”, “de você eu gosto, já da tua matéria...” ou adolescentes que, na fúria dos hormônios galopantes e dos humores ranzinzas (idoso passa vergonha), depois de muito conflito, percebem que ‘melhoraram’ e que a convivência escolar já pode ser suavizada nas relações de troca e respeito. Sendo desavergonhadamente piegas, reencontrar ex-alunos adultos é ter a alma inundada de alegria! Mas a tristeza também se manifesta quando se perde o sono, a paciência e a sanidade perante os desajustes de uma sociedade doente que derrama todos os seus problemas na Escola e a notícia de ex-alunos aumentando as estatísticas de vidas interrompidas pelas más escolhas ou oportunidades nos causa um sentimento de impotência mesclada a uma sensação de fracasso. Difícil administrar o livre arbítrio. Então nesta data vamos reverenciar a Educação através desse profissional que tanto contribui na vida das pessoas. Sempre digo que uma sala de aula é campo de guerra injusta, pois eles são muitos e o professor é solitário, tendo que cativar, incentivar e instigar a curiosidade por aprender. Disso é feita a vida de um(a) professor(a). Por isso, agradeço. Feliz dia do empresta um lápis profeeeeeeeee!! Veja mais sobre "15 de outubro - Dia do Professor" em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-do-professor.htm(https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-do-professor.htm) Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais .... Revisora: Denise Cristina Aziliero
Vai cair na prova?                                          Homenagem ao dia do(a) Professor(a)                                   content media
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Portal MEIGA TERRA
09 de set. de 2023
In Contos e Crônicas
Fanfarra Abílio Carneiro Nessa primeira semana de setembro vivenciamos a Semana da Pátria. Tradicionalmente em nossa Meiga Terra, as instituições de ensino do munícipio se revezam na Praça Getúlio Vargas para hastear e arriar a Bandeira ao som reverberante do Hino Nacional. Somos inundados por sentimentos ufanistas de orgulho de nossa Terra Mater. Tudo culminará no dia 7 de setembro com o desfile das Escolas acompanhados pelas Fanfarras. Fanfarra é um nome comumente utilizado nos dias de hoje para designar as bandas e agremiações musicais compostas por instrumentos de percussão e instrumentos de sopro simples. Mas você conhece sua origem? A palavra está ligada ao soar de tropas com o toque de trompas e clarins durante as caçadas da nobreza francesa durante a Idade Média. Posteriormente, a designação foi estendida às bandas marciais que acompanhavam os cortejos cívicos ou regimentos de cavalaria. Historicamente encontramos registros de bandas civis brasileiras ainda no período colonial, chamadas de “Charamelas” devido a um instrumento musical que parecia com uma flauta ou clarinete, (vindo da região oriental da França). Eram sediadas nas fazendas do interior do Brasil sendo compostas por escravos e indígenas que tocavam em troca de seu sustento. O jornalista e crítico musical José Ramos Tinhorão em seu livro “História Social da Música Popular Brasileira”, diz que, no século XVIII, surgiram as chamadas bandas de barbeiros, substituindo os “Chameleiros”. No entanto, os barbeiros eram normalmente negros africanos libertos da escravidão que tocavam em seus períodos de folga, o que manteve as bandas entre os mesmos componentes. As bandas de barbeiros desaparecem junto com o fim da escravidão, que desestabilizou a situação social e econômica da colônia, dando lugar às bandas militares. Nas cidades interioranas de nosso país é comum a formação das fanfarras nas instituições de Ensino que se apresentam nos desfiles alusivos à comemoração do Dia da Independência, em 7 de setembro. E nosso município tem tradição neste quesito! Lembro com carinho dos desfiles de outrora, ainda estudante, no Colégio João XXIII, mesmo gostando apenas de assistir, e não de desfilar. Tais desfiles eram acontecimentos muito significativos e meticulosamente elaborados. Carros alegóricos eram montados e ornados com recortes históricos ou traziam os elementos mais representativos da nossa cultura. Os alunos, por sua vez, todos cuidadosamente perfilados em seus pelotões organizados por suas respectivas professoras, ostentavam em suas vestimentas as cores de seu educandário. As normalistas desfilavam fazendo coreografias para deleite do público. As balizas performavam acrobacias exaustivamente ensaiadas meses antes do evento e o desfile se dava na cadência dos instrumentos da Fanfarra. Dessas lembranças, para mim, o momento épico era a finalização do desfile ao toque da corneta empunhada por Paulo Ferri. No presente ano de 2023, a Fanfarra do Colégio Estadual Abílio Carneiro completa 30 anos. Esse colégio está em atividade há aproximadamente seis décadas e sua fanfarra foi criada em 1993. Desde então muitas histórias foram construídas por toda a comunidade escolar para que sua Fanfarra tivesse e continue tendo êxito durante suas apresentações. Sendo um trabalho exclusivamente voluntário, somente o amor pela Fanfarra para explicar sacrifícios como o de Everton Gustmann que, quando residente no litoral catarinense, viajava de ônibus no dia 6 de setembro, desfilava no dia 7 e retornava às suas atividades laborais no chamado bate e volta. Outra demonstração de apreço pode ser exemplificada no instrutor Décio Luiz Grando que primeiramente participou como aluno, hoje funcionário e pai de aluna, e vem honrando orgulhosamente a Fanfarra ao transmitir essa tradição aos seus filhos. Entre outros vários exemplos bonitos de como a paixão pela Fanfarra une gerações há o da família de Dirlei de Jesus Ferreira, sua esposa Rosicler dos Santos Moreira e seus filhos Emanuelli Moreira e Alessandro Moreira dos Santos, em que todos são componentes. A emoção toma conta quando vem à lembrança Cristiano Tabalipa (in memoriam), menino vivaz e comunicativo com sua presença alegre e dinâmica no Desfile e nas Alvoradas que aconteciam nas madrugadas do dia 7 de setembro, quando a fanfarra visitava residências fazendo serenatas. É comovente a presença do Sr. Luiz Alcebídes Antunes conhecido como Seu Pelé. Seu filho, Patrick de Paula e Silva Antunes, o Patricão, era membro dedicado da Fanfarra. No ano de 2012, com seu falecimento, Seu Pelé para homenageá-lo passou a fazer parte da Fanfarra e repete o gesto anualmente tocando o mesmo instrumento usado por seu filho. Chama a atenção também, um aspecto muito marcante da Fanfarra que foi o de incluir na comissão de frente os instrumentos denominados de surdões que por serem volumosos e pesados, sempre foram tocados por homens e hoje, são dominados por mulheres. Os ensaios cansativos, realizados à noite, muitas vezes com frio, garoa e neblina, provocam calos nas mãos, mas não arrefecem a alegria dos componentes em manter o ritmo e realizar uma bela apresentação. Vale lembrar que os própriosmembros da Fanfarra realizam a manutenção dos instrumentos. Todo esforço é brindado com deliciosos lanches preparados com muito carinho por Márcio Silvério e suas ajudantes na calorosa cozinha do Colégio. Atualmente, na gestão do Colégio Abílio Carneiro temos a professora Alexandra Dlugozs e como vice o Professor Hideraldo Bornhiati, que, seguindo o exemplo de seus antecessores, procuram manter a tradição da Fanfarra com galhardia, buscando a união, a captação de recursos e o apoio das gestões públicas municipais que prontamente colaboraram e seguem colaborando para o êxito da comemoração festiva do Dia da Independência nos Desfiles do dia 7 de Setembro. Que a persistência da Fanfarra nunca esmoreça! Vida longa à Fanfarra Abílio Carneiro! E você, caro leitor, que lembranças traz consigo dos desfiles de 7 de Setembro de outrora? https://blog.supersonora.com.br(https://blog.supersonora.com.br) https://www.emfrentemarche.com.br(https://www.emfrentemarche.com.br) TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira; 68 páginas; Editora 34; 2010. Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais .... Revisora: Denise Cristina Aziliero
Dia da Independência - Homenagem pelos 30 anos da Fanfarra Abílio Carneiro content media
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Portal MEIGA TERRA
26 de ago. de 2023
In Contos e Crônicas
“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo” essa frase é atribuída a Freud, famosa personalidade do século XX, médico neurologista mundialmente conhecido como pai da Psicanálise e muito citado quando não compreendemos algo e enfaticamente dizemos: “Freud explica”. Nas relações humanas socializar traz consigo um ato bastante utilizado e negado: a fofoca. Mas, afinal, o que a define? Segundo o dicionário é um verbo transitivo e intransitivo transmutado em: contar novidades, tricotar, trocar figurinhas, falar de outrem, pois “falam de nós também”. Potencializa escândalos quando o foro privado é exposto, se espalha ao sabor do vento replicada em chacotas ou piadas. Na berlinda, a vítima da vez será execrada, mas é um fato momentâneo pois logo será substituída, e quem foi alvo que administre as consequências em sua vida pessoal e emocional. A fofoca ajuda na criação de laços de confiança. É uma forma de identificarmos quem faz ou não parte do nosso grupo de convívio. Quando estamos numa roda de conversa, a fofoca surge nos comentários sobre costumes, crenças, preconceitos, superstições, traições amorosas, relações de trabalho e gestão pública. Sob essa ótica, verificamos uma variada programação nas redes de televisão aberta e nos canais por assinatura, onde o entretenimento é bisbilhotar, espiar, fofocar. Historicamente, a sociedade colonial brasileira foi se estabelecendo em povoados onde o convívio social se resumia à lavoura e atividades da Igreja. As celebrações religiosas eram o ponto de encontro. Quando falamos em sociedade colonial nos referimos a um recorte do período em que a unidade produtiva era o engenho de açúcar no nordeste brasileiro, onde inicialmente a colonização portuguesa se estabeleceu. A vida dos Senhores é mistificada por um rigor de comportamentos com lugares delimitados e marcados como se fosse uma dança coreografada. Ledo engano: se somos seres sociais, obviamente essas regras não se aplicam; barreiras estruturais podem ser transpassadas e conjunturas rompidas, pois, precisamos da convivência para frutificar nossa existência e neste contexto falar do outro é muito atrativo. Essas referências nos são dadas pela literatura e pela historiografia no livro Histórias íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil de 2011. A historiadora Mary Del Priori, visita os costumes brasileiros desde o período colonial nos proporcionando uma reflexão sobre a hipocrisia dos costumes e mostrando o quanto atrativo é o tema da intimidade nos lares, nas alcovas, o que se faz e o que se esconde: “E ali, no coração da vida privada, a intimidade: a fronteira fluida entre o indivíduo e o mundo, o espaço preservado contra as agressões. Ali, o corpo, o sexo, o amor, a imaginação, a memória e tudo o mais que seja cumplicidade consigo mesmo. Na intimidade podemos levantar todos os véus e nos perguntar quem somos. E quem somos? Indivíduos de muitas caras. Virtuosos e pecadores, oscilando entre a transigência e a transgressão. Em público, civilizados. No privado, sacanas. Na rua, liberados, em casas, machistas. Ora permissivos, ora autoritários. Severos com os transgressores que não conhecemos, porém indulgentes com os nossos, os da família. Ferozes com os erros dos outros, condescendentes com os próprios. Em grupo, politicamente corretos, porém racistas em segredo. Fora, entusiasta dos "direitos humanos", mas, cá dentro, a favor da pena de morte. Amigos de gays, mas homofônicos. Finos para "uso externo" e grossos para o interno. Exigentes na cobrança de direitos, mas relapsos no cumprimento de deveres.” Sempre tive a curiosidade de saber como seria o convívio social à parte dessa imagem construída nos registros. Quando ouvimos relatos do passado vivenciado por alguém nos transpomos para aquele período e somos inundados pelo saudosismo manifestado através de ditos como: “éramos felizes e não sabíamos”… Então aqui vale lembrar que nas cidades interioranas o centro da cidade geralmente é organizado a partir da Igreja, da praça e do Paço Municipal, dar uma volta na praça faz parte do ser visto e notado e também proporciona encontros que podem motivar a trocas de novidades ou até desenvolver flertes românticos. Muitos casais se formaram e quiçá ainda surjam desses itinerários. Nos idos de 1980 em diante destaco aqui, das minhas memórias na nossa Meiga Terra Clevelândia, a rotina de aos domingos ir à missa das 19 horas, assistir a uma sessão de cinema no Cine Luz e terminar a noite na Pizzaria D’Italliani, não necessariamente nesta ordem. Outro point de referência foi o Kachorrão, antecessor dos Food Trucks, que, além de proporcionar o encontro dos jovens, servia literalmente o melhor cachorro – quente da cidade, o “muro da vergonha”, tal alcunha não se sabe ao certo a origem, reunia os jovens descolados e malfalados, a Banca da Praça em frente à prefeitura, nas tardes de domingo efervescia de jovens reunidos em seus grupos, circulando, trocando ideias e, por que não dizer, proporcionando fofocas… Cada geração de habitantes certamente tem lembranças de lugares e pessoas de sua convivência atrelado à fofoca, que é recorrente em cidades pequenas pois, de um modo ou de outro, todos se conhecem. No ato de fofocar a hipocrisia aparece de forma magistral, quando nos desobrigamos de praticar o mesmo comportamento da fofoca. Mas o que seria a hipocrisia? Hipocrisia deriva do latim e do grego e na antiguidade, significava “a representação no teatro dos atores que usavam máscaras, de acordo com o papel que representavam em uma peça”. Na convivência social, hipocrisia significa fingimento, falsidade; fingir sentimentos, crenças, virtudes, que na realidade não possui. Na fofoca do cotidiano o hipócrita surge quando acredita honestamente que sua conduta jamais transgredirá quaisquer regras sociais, Os ditos populares são vastos quando inseridos no contexto do ato de replicar a fofoca. “Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho”. São muitas variantes que podemos construir a partir das relações sociais que originam fofocas. Uma ressalva importante é que essa troca incipiente de novidades pode tomar proporções descontroladas , o que hoje comumente é denominado de cancelamento. Fatos pitorescos ajudam a construir a memória que é uma prática social exercida por todos e quaisquer membros de uma dada sociedade humana, porém, todo cuidado é pouco para não sermos reconhecidos por alcoviteiros da vida alheia. E então, fofocar é preciso? Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais ....
FOFOCAR É PRECISO? content media
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Portal MEIGA TERRA
28 de jul. de 2023
In Contos e Crônicas
"A vida seria muito mais agradável se alguém pudesse levar consigo, aonde quer que fosse, os sabores e cheiros da casa de sua mãe." Esta frase está no romance da escritora mexicana Laura Esquivel. Intitulado “Como agua para chocolate” foi publicado em 1989 e também foi usado como base para o filme homônimo. Eis uma breve sinopse da obra: “É na cozinha que Tita, a protagonista, passa a maior parte do tempo. Sua vida está relacionada aos pratos que afetuosamente prepara. Este romance narra sua história desde o seu nascimento em um rancho no norte do México, com destaque para sua juventude, o amor por Pedro, e a missão de cuidar da dominadora Mãe Elena. O tempero combina a revolução mexicana no início do século XX com o realismo fantástico marcante na literatura latino-americana. Uma obra para ser apreciada em todos os sentidos.” Tendo essa agradável leitura como inspiração aqui enaltecerei a alimentação, visto que o dileto ato se multiplica em interpretações onde elenco como seu ponto principal a nutrição do corpo. Porém, pode ser afeto quando colheradas sorvidas da sopinha quente proporcionam bem- estar ao doente acamado. É festiva quando sob palmas entoando o “parabéns pra você” são oferecidas fatias de bolo que geralmente comemoram a passagem dos anos, dos batizados, dos casamentos, das formaturas ou qualquer outra expressiva manifestação de conquista pessoal. É memória quando aguça os sentidos e remete a lembranças de pessoas, lugares ou emoções e saciedade quando é doada ao faminto. No Brasil, a história social e cultural está intimamente ligada à culinária. “Os ingredientes, o modo de preparar os alimentos e os pratos que compõem a mesa dos brasileiros são muito mais que simples hábitos. A alimentação é também uma abordagem para conhecer e entender a cultura e história de nosso povo”. No período da Pandemia COVID 19, devido ao isolamento social, muitos se dedicaram a alimentação, seja por acréscimo na renda econômica, por lazer ou simplesmente por aprendizado. Me incluo na aprendizagem, pois durante esse período pude praticar a magia de sovar uma massa, sem usar cilindro ou máquina e transformá-la no mais nobre e sagrado alimento: o pão. Nossa cultura têm por hábito reunir pessoas ao redor da mesa. Amostra de civilidade é oferecer um cafezinho, um copo de água, um docinho. Aprendi a cozinhar de forma empírica, na curiosidade e na experiência do acerto e erro vou porcionando os ingredientes e temperos, finalizando com o que nomino de o “toque de Alice”, para garantir sabor e êxtase no Palato. Quando criança, cursei a 5ª série do Ensino Fundamental no Colégio São Luís. Do prédio antigo de madeira, recordo da sensação gélida na penumbra do corredor que desembocava numa escadaria para acessar o piso superior. Na sala de aula, tinha predileção por tomar assento próxima a janela contemplando a área externa onde frondosos pinheiros americanos sombreavam o jardim. Esse educandário seria transferido para o atual Colégio João XXIII e perderia aquela magia da construção em madeira com o assoalho rangendo a cada passo. Na grade curricular daquela série pretérita havia a disciplina de Educação para o Lar, “a educação para o lar era ensinada nos colégios brasileiros com o intuito de ensinar mulheres e homens a cuidarem do lar. Porém, a disciplina era voltada principalmente às mulheres, então tidas como responsáveis pelas tarefas domésticas. O contexto social mudou, as mulheres ingressaram fortemente no mercado de trabalho e hoje, idealmente, dividem as tarefas do lar com o marido e família. A disciplina deixou o Currículo pois acabou não fazendo mais sentido de ser lecionada.” Uma atividade avaliativa da disciplina de “Educação para o Lar” era a confecção de um caderno de receitas. Não tive muito sucesso nos cadernos, não demostrava interesse no auge dos meus 11 anos de idade, somente mais tarde fui me aventurar no apanhado de receitas colecionáveis e na prática dessas. Concepções e interesses alterados pela indelével ação do tempo, no presente, saber cozinhar é questão de sobrevivência, economia e saúde nutricional, não entrarei aqui no critério científico do processo industrial da engenharia alimentícia pois não sou preparada para tal, mas defendo a ideia de que comida de verdade é aquela feita com ingredientes frescos e naturais dentro das possibilidades de cada um. Em minha casa, receita tradicional “de família” é um prato de origem polonesa, o Pierogi. Minha mãe aprendeu com minha avó paterna, já falecida. Tivemos pouca convivência e minha mãe, acredito que instintivamente e não deliberadamente, nos apresentou essa iguaria como uma forma de termos um referencial desta avó. “Pierogi era tradicionalmente uma comida do interior da Polônia, mas eventualmente se tornou popular em todas as classes sociais. O pierogi é bastante conhecido em regiões do Sul do Brasil colonizadas por imigrantes poloneses e ucranianos do oeste (rutênios), sobretudo no Paraná, onde pode ser encontrado na mesa dos milhares de descendentes de eslavos, em restaurantes típicos, e mesmo em barracas nas feiras de rua da capital - Curitiba. A receita de minha família, consiste numa base de farinha, água e ovo donde se faz uma massa que será modelada em pequenos pasteis recheados com purê de batata e cozidos em água fervente, sendo servidos besuntados em manteiga e acompanhado de molho de carne, o recheio pode ser variado com ricota ou repolho em conserva de vinagre finamente picado. Em minha casa o purê de batata é o recheio preferido. Sempre foi feito por minha mãe, ousei fazer sozinha pela primeira vez recentemente como uma forma de preservar o costume introduzido por ela. A alimentação, ou a falta dela, é presença importante no estudo das civilizações. Diante das diferenças culturais podemos ter reações de espanto, náusea, nojo ou prazer gustativo. Pode elucidar períodos sendo testemunha ocular de agruras passadas nas intempéries, nas pestes e nas guerras. Apoia análises de conjuntura social, cultural e econômica e inspira a literatura. E tu, caro leitor(a), tens um prato tradicional de família percorrendo gerações? https://citacoes.in/obras/como-agua-para-chocolate-2990  https://frasesdelavida.com/frases-de-como-agua-para-chocolate/ https://percursosliterariosblog.com https://www.terra.com.br http://2.bp.blogspot.com/ Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais ....
Sabores e memórias content media
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Portal MEIGA TERRA
22 de jul. de 2023
In Contos e Crônicas
Um lugar que me atraía nos Colégios por onde passei foram as Bibliotecas, na subjetividade do tempo, a adolescente tímida que fui, impregnada na confusão hormonal, emocional, oscilante de sentimentos, adentrar na Biblioteca com suas prateleiras enfileiradas, devaneando por elas, era buscar refúgio e esconderijo. Os tomos desgastados pelo tempo (entre os quais, a Enciclopédia Barsa, mãe do Google) me hipnotizavam e fazer a carteirinha de empréstimos seria a consequência. O tempo urgiu e a frequência nesse ambiente veio com a condição de Professora, a curiosidade preservada, porém, a timidez em menor escala. A velocidade de informação que obtemos com a internet nos proporciona uma amplidão de recursos disponibilizados para pesquisa e leitura, no entanto, é insuperável o fascínio de livros impressos, o manuseio das páginas, o enlevo do enredo apreciado, a sensibilidade olfativa aguçada por páginas novas ou já amareladas. Na Educação, trilho uma jornada que se estende por duas décadas e meia, passando por todos os Estabelecimentos de Ensino da Rede Estadual de nossa Meiga Terra. Em 2003/2004 trabalhei numa Escola, na área rural, ministrando aulas no período noturno. O deslocamento era feito através de estrada de chão fazendo com que o percurso de ida e volta fosse permeado de aventuras e mazelas, com muita poeira nos dias ensolarados e barro nos dias de chuva. Isso impossibilitava nos dias chuvosos, que pudéssemos trabalhar. A solução era reposição das aulas nos sábados pela manhã. A Escola São Francisco de Salles localizada no Palmital, mantida pela Prefeitura, cedia sua estrutura física para que, no período noturno abrigasse o Col. Est. Prof. Orestes Tonet, onde a Rede Estadual oferecia para os munícipes do “interior” a modalidade do Ensino Fundamental II, que contemplava a seriação do 6º ao 8º ano e o projeto de aceleração idade/série: Correção de Fluxo. Este, posteriormente, seria substituído pela EJA (Educação de Jovens e Adultos). As instalações eram precárias. Não havendo salas suficientes para a demanda, foi improvisada numa espécie de saguão, circundado por lona preta, uma sala de aula para abrigar a turma da Correção de Fluxo. Biblioteca era luxo inexistente. Os livros se acumulavam pelos cantos que fossem disponibilizados. Com a passagem célere do tempo, melhorias estruturais foram realizadas, salas novas construídas permitiram instalar a Biblioteca. O presente relato será um recorte do ano de 2017, no qual, retornei ao Col. Orestes Tonet, e observei com enorme satisfação que a estrutura física da Escola era outra e que, finalmente, tinha uma Biblioteca. Circulando por suas prateleiras me deparei com o livro de uma escritora chinesa que fiquei conhecendo pelo empréstimo de Rosalina Pardal, Professora de Língua Portuguesa, a Prof.ª Kika, amiga de longa data. AS BOAS MULHERES DA CHINA, publicado em 2002 traça um panorama sobre a condição feminina da China revolucionária, e da China atual. Muitas das histórias foram retiradas do seu programa de rádio "Palavras na brisa noturna". Este livro me impactou grandemente. Na Biblioteca do Col. Est. Orestes Tonet, me esperava o livro de Xiran denominado: AS FILHAS SEM NOME. Na China tradicional, nos vilarejos, a Política de Filho Único implementada pelo governo comunista nunca “pegou” devido essas regiões estarem mais afastadas dos grandes centros urbanos. Assim como acontece com frequência no Brasil, na China, algumas leis são cumpridas em algumas regiões (normalmente nos grandes centros urbanos) e não em outras (povoados rurais e localidades afastadas das metrópoles). Por lá, também há regras que “pegam” e outras que não “pegam”. Xiran relata que devido os costumes serem tão arraigados, os camponeses alimentam uma superstição de má sorte e desonra ao casal que tiver como primogênito uma menina pois a mulher não ocupa lugar de importância e são tidas como “palitinhos” frágeis e descartáveis, já os meninos são as “cumeeiras”, filhos fortes e provedores. Filhos homens proporcionam honra ao pai, filhas mulheres, desgosto. O camponês não pode caminhar de cabeça erguida nem almejar um status mais alto na família, tendo filhas mulheres, essa situação fazia com que no nascimento, muitas meninas fossem mortas afogadas em baldes d’água e as que sobrevivessem não recebessem nomes, mas números. “Ao crescerem sem educação, sem respeito e sem afeto, as “Numeradas”: Um, Dois, Três, Quatro, Cinco e Seis serão vistas meramente como “moedas de troca”.” Aspectos culturais nos apresentam semelhanças e diferenças, mas uma coisa é certa: para que eu possa livremente exercer meu direito de ir e vir, de ser uma profissional atuante, muitas mulheres que me antecederam lutaram por isso. Luta permanente. E vocês, o que estão lendo por aí? Ps. Adquiri o hábito da leitura com meu irmão, com ele fiz a primeira carteirinha de empréstimos na biblioteca pública municipal da Prefeitura que tinha como bibliotecária a Dona Matilde (in memoriam), lembro com doçura de seus lábios pintados com batom rubro e da delicadeza com que me atendia. Além dos empréstimos na Biblioteca Pública, meu irmão colecionava “livros de bolso”, brochuras em papel amarelado, de ficção, espionagem e alguns romances açucarados, gibis do Fantasma, combatente de crime, que usava uma máscara para camuflar sua identidade, do ranger Tex Willer e do Zagor do universo western (conhecem?). Da biblioteca pública eu gostava era de emprestar livros de lendas folclóricas, que aos poucos foram sendo substituídos por histórias mais complexas... https://brasilescola.uol.com.br/educacao/periodo-de-transformacoes.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Xinran https://www.bonashistorias.com.br/ Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais ....
REMINISCÊNCIAS E REFLEXÕES content media
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Portal MEIGA TERRA
15 de jul. de 2023
In Biografias e Obras
Pela manhã deste dia 12 de julho de 2023, me deparei com a notícia do falecimento do escritor Milan Kundera. Nos anos 1990, sua escrita exercia sobre mim fascínio e inquietação. Na presunção da jovem acadêmica de História, cheia de questionamentos existenciais, próprios da idade, ler Kundera, era afronte e deliciamento que compartilhava com minha amiga Denise, também acadêmica, de Letras Português/Inglês da extinta FAFI – Faculdade de Ciências e Letras de Palmas/PR. Partilhávamos leituras e tínhamos conversas demoradas sobre nossas impressões. Essa troca, encaminhou-se para outro deleite: assistir filmes em VHS nas tardes fagueiras de domingo no chalé que Denise morava. Nestes tenros anos de outrora, também fazíamos o que hoje se denomina scrapbook que nada mais é que livro de recortes: conjunto de técnicas para personalizar álbuns, cadernos, livros, diários, agendas, álbuns de fotografia entre outros materiais. Quanto esmero em preparar os envelopes recheados de surpresinhas! Os livros sempre exerceram sobre essas jovens diferentes percepções, e mesmo morando no Sul do Mundo, praticamente no “raio que o parta”, íamos atrás das novidades “cultas”. Não recordo, mas creio que Kundera chegou por meio da assinatura do “Círculo do Livro” que Denise adquirira, muitos foram emprestados e devolvidos com esmero, pois circular é a vida do livro. Estante é chegada e partida. O falecimento de Kundera me remeteu lembranças de um período pueril e ingênuo, significativo na construção dessa amizade longeva que cultuamos imprecisamente há 40 anos. Milan Kundera foi um autor tcheco nascido em 1929, conhecido por suas obras literárias que exploram profundamente a natureza humana e os dilemas existenciais. Suas histórias são repletas de reflexões filosóficas, sarcasmo e ironia, envolvendo personagens complexos em situações cotidianas. Uma das principais características das obras de Kundera é a força de suas frases. Seu estilo de escrita é conciso e preciso, repleto de citações marcantes e observações perspicazes sobre a vida e a sociedade. Suas frases têm o poder de capturar a essência de uma situação, de uma emoção ou de uma ideia, tornando-se memoráveis. No conjunto de sua obra, Kundera apresenta uma visão de mundo única, em que a beleza e a tragédia coexistem. Suas narrativas são um convite à reflexão sobre os paradoxos da existência e a complexidade das relações humanas. Com suas frases fortes e marcantes, o autor nos confronta com questões fundamentais sobre a vida, o amor, a liberdade e a condição humana, deixando-nos com uma sensação duradoura de profundidade e impacto. Apresento alguns excertos de sua obra mais contundente “A insustentável Leveza do Ser, no primeiro momento que li, nada entendi, não tinha maturidade intelectual, posteriormente reli e aí sim, compreendi sua dimensão. Esta obra foi roteirizada e filmada, estreando em 1988, trazendo para as telas a atuação impecável de Daniel Day Lewis e Juliette Binoche como protagonistas. Ler os livros, assistir os filmes, nem sempre nessa sequência, era fundamental no nosso ritual literário, e também aflorava a tietagem: “São precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras da nossa existência.” “Quando nos defrontamos com alguém que é amável, atencioso e delicado, é muito difícil ficar convencido a cada instante de que nada do que é dito é verdadeiro, de que nada é sincero. Para duvidar (contínua e sistematicamente, sem um segundo de hesitação), é necessário um esforço gigantesco e muita prática.” “Os regimes criminosos não foram feitos por criminosos mas por entusiastas convencidos de terem descoberto o único caminho para o paraíso. Defendiam corajosamente esse caminho, executando, por isso, centenas de pessoas. Mais tarde ficou claro como o dia que o paraíso não existia e que, portanto, os entusiastas eram assassinos.” Um escritor através de sua obra chega a uma multidão e tem um poder transformador na vivência singular de cada um. Milan Kundera, para nós foi um divisor na construção do nosso pensamento. Honro sua partida juntamente com aquela moça que fui nos anos 1990, Denise certamente está ao meu lado nos dois momentos. Aplausos. https://livroecafe.com/2023/07/a-insustentavel-leveza-do-ser-milan-kundera-em-12-frases-mpactantes/ Autora: Alice Kachuki Professora Graduada em História e Pedagogia, que eventualmente aponta palavras em rabiscos textuais ....
A finitude content media
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01 de abr. de 2023
In Contos e Crônicas
Era mais um dia normal. Acordei cedo, tomei meu banho, fiz minha higiene bucal matinal, tomei meu café e comi minha fruta. Mais uma vez a higiene bucal e eis que eu estou pronto para o trabalho. Minha rotina começa cedo, sim senhores. Faltando pouco mais de uma hora para começar a fazer o que mais amo na vida: lecionar. Pego meu carro e me dirijo ao local onde há mais de 30 anos bato meu ponto diariamente, sempre cheio de energia para aquela vibrante troca de conhecimento. É claro que nesse tempo todo, desde que entrei pela primeira vez em uma sala de aula até hoje, muita coisa mudou. Algumas para melhor, outras nem tanto. Eis os fatos: antigamente, quando entrava em sala de aula os alunos, em sinal de respeito, ficavam em pé, afinal o professor era a autoridade máxima. Hoje, são raros os momentos que isso ocorre. Muitas vezes, nem se quer respondem ao cumprimento corriqueiro. Mas como eu disse no início da minha narrativa, era mais um dia normal. Para mim e para milhares de colegas meus. Mas não foi normal para uma professora em especial: a professora Elisabete, de 71 anos, de São Paulo. Uma senhora que amava a profissão, assim como eu e tantos outros. Amava explicar os conceitos da ciência, as maravilhosas aulas com o objetivo de ensinar nossas crianças, jovens e adultos a serem pessoas de bem, compromissadas com o poder do conhecimento. Mas ela estava à frente de um menino, uma criança, de apenas 13 anos. Ele, como muitos podem dizer, vítima da sociedade, ou sei lá o que podemos inferir para esse individuo, a esfaqueou. E sim, ela foi lecionar no andar celestial. Não sabemos o nome do menino, nem podemos, é menor. Duas famílias acabadas. A de Elisabete, que não terá mais o seu carinho corriqueiro, o seu sorriso fácil, o seu conhecimento despertando saberes; e também sofre a família do menino de 13 anos, pai e mãe que possivelmente nunca imaginaram que esse teria o poder de tirar a vida de alguém, de maneira tão leviana. Tão cruel. E esse é somente um de inúmeros casos que podemos recordar, em que educadores e estudantes são mortos dentro do local onde deveríamos nos sentir extremamente seguros: a escola. No mesmo dia, nos Estados Unidos, um massacre matando crianças e adultos ocorreu. No dia seguinte a tais crimes, no Rio de Janeiro, um jovem de 15 anos, se achou no direito de portar uma arma branca e adentrar na escola que estudava, mas graças a garras mágicas não conseguiu ferir seu alvo: uma colega a quem ele estava apaixonado... E qual a lição que fica para nós? Precisamos de mais segurança, e isso não é de hoje. Há anos se pedem melhores condições para que possamos trabalhar com mais tranquilidade. E a cada caso desses que ocorreram nesta semana (nada inédito por aqui e lá fora) demonstra o quanto nossa CLASSE precisa de mais respeito. Rodrigo Toigo
EDUCAÇÃO MARCADA À FACA!! content media
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04 de mar. de 2023
In Poemas e Poesias
Mulher é a canção que aquece o nosso coração. Mulher é o sol que aquece nossa alma A luz que brilha em nossa vida Mulher é grandeza Sublime e pura Que esbanja beleza É perfume do jardim É a alegria que enche os olhos Cada mulher é única Ímpar e singular Aprende desde cedo o que é amar. Cada qual tem suas fraquezas Mas sempre há um motivo maior para sorrir Mulher conhece sua pureza É justa e sabe lutar Luta por si e pelos seus Nunca abandona a quem ama É justa e gigante Mulher é verdade e inspiração É dona da mais pura emoção Digna de agradecimentos e aplausos. Mulher é encanto e magia É pura sabedoria. É a chama viva que mais brilha. Mulheres, vocês são as janelas da vida Nossa inspiração mais querida. Cheias de esperança sincera. Sinceridade essa que se vê Do amanhecer ao pôr do sol No olhar de uma mulher. FELIZ DIA DAS MULHERES, HOJE, DIA 08 DE MARÇO E SEMPRE!! RODRIGO ANTONIO TOIGO
MULHER content media
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07 de jan. de 2023
In Contos e Crônicas
O que podemos falar do tempo? Nós piscamos e segundos se passam. Quando percebemos um dia inteiro se foi e não fizemos nada daquilo que planejamos. Ao nos darmos conta, o mês acabou e não conseguimos pagar aquela conta atrasada. Meio ano se foi e nem nos demos conta que nada que queríamos fazer até então conseguimos cumprir. E mais algumas piscadinhas, o ano acabou. Olhamos para trás, e o que realmente fizemos? O relógio deu meia-noite no dia 31 de dezembro. Para alguns, apenas uma simbologia com solta de fogos (sem barulho, por favor), espumantes, uvas, pular sete ondinhas, roupas de cores especiais, e por aí vai. Para outros, uma nova oportunidade de melhorar, mudar, realizar sonhos. E ainda há uma terceira parcela, que para si é mais uma noite normal como qualquer outra. O novo ano começou, e eu percebi, mais do que nunca, o quanto o tempo é valioso. Enquanto andava pela areia quente da praia, observando homens e mulheres, jovens e adultos, tomando sol, banhando-se nas limpas águas do mar catarinense, ou ainda, pasmem, poucos, mas sim, alguns veranistas lendo (e imaginem minha curiosidade para saber o que liam), fui pensando e até mesmo comentando, por que o tempo passa tão rápido quando estamos felizes, tranquilos, calmos? Agora, ao esperar o horário de um ônibus, avião, uma consulta médica, uma entrevista de emprego, as horas não passam. Você olha para o relógio e um minuto se passou de maneira eterna. A espera faz com que o tempo não passe. Contudo, em momentos de lazer e tranquilidade, o mesmo tempo, voa. São ilusões de nossa mente, afinal, os segundos, minutos e horas são os mesmos, o que muda, são os momentos em que estamos vivendo. Um ano pode demorar uma eternidade ou passar num piscar de olhos. Quatro anos podem ser duradouros como dez anos, mas podem ser rápidos como alguns meses. Tudo depende de como estamos vivendo. Do ponto de vida de cada um. Há semanas, que voam, na correria do trabalho, dos estudos, da vida. Há outras, que demoram a passar. Muitos falam que os finais de semana terminam na velocidade da luz, e eu concordo plenamente, assim como as férias. E por falar nelas, vou parar de escrever agora, e ler um livro, afinal, preciso aproveitar os dias de descanso para colocar minhas leituras em dia. Até a próxima e um ótimo ano novo, e claro, aproveitem muito bem o tempo que todos têm! Rodrigo Toigo
PRIMEIRA CRÔNICA DO ANO content media
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24 de dez. de 2022
In Contos e Crônicas
Era quase meia-noite, hora do Papai Noel descer pela chaminé para deixar o presente, assim como seu pai prometera. Nos anos anteriores nunca conseguira ficar acordada até esse horário, mas agora, ao longo dos seus sete anos, conseguira, até que enfim, permanecer de olhos bem abertos, pronta para ouvir qualquer barulho e aí ver o bom velhinho. Esperou, esperou, esperou... e nada!! Nenhum barulho vindo da sala de jantar, onde ficava a lareira. Nenhum sinal do trenó nem dele. Será que neste ano, justamente agora que ela conseguira ficar acordada, o Papai Noel esqueceu-se de lhe deixar o presente? Ora essa!!! Mas que audácia a dele. Esquecer o presente dela. Logo o dela... De repente, logo após dar uma piscadela mais profunda e quase adormecer, eis que escutara um barulho. Quase imperceptível. Mas ouvira algo. Disso ela tinha certeza. Foi então que, delicadamente (coisa que raramente ela era) desceu da cama e nem calçou seu chinelinho cor-de-rosa para não fazer som algum no assoalho da casa. Caminhou pé por pé até a sala de estar... E foi então que ela o viu... Ele estava de costas para a porta que dava para o corredor, que por sua vez, ligava ao seu quarto. Ele estava com sua roupa vermelha. E aquele gorro vermelho. Ele, mesmo de costas, era lindo. A garotinha, na coragem dos seus sete anos de idade, permaneceu ali, imóvel diante daquela visão mágica. Diante dela estava ninguém mais, ninguém menos que ele, o Papai Noel. E das mãos dele, nada mais, nada menos que uma caixa enorme embalada em um lindo e colorido papel de presente e um laço igualmente vermelho. Quando o bom velhinho deu dois passos para trás, largando o presente na lareira, ela se escondeu, com medo de ser vista. Sim, seu pai falara que ela nunca poderia ver o Papai Noel, pois se isso ocorresse, ele levaria embora seu presente. Ouviu, ali escondida, alguns passos, até que o silêncio voltou a reinar. Aquela garotinha corajosa e assustada ao mesmo tempo, porém feliz por ter visto o Papai Noel, de corpo e alma, ali pertinho dela, com o seu presente, encontrou a sala vazia, e a única diferença, era uma enorme caixa na lareira. Iluminada pelas luzes da árvore de natal, ela se aproximou, pé por pé para não acordar seus pais, e silenciosamente rasgou o papel colorido, após, claro, tirar a fita vermelha. Ao ver a caixa, nua, ficou maravilhada. Seu sorriso brilhou mais que as luzes da árvore. Ela estava diante da mais bela boneca que já vira. Escondidos, seus pais, ainda acordados, observavam a linda e única filha deles, igualmente maravilhados com a magia do Natal. Rodrigo Toigo
Um Conto de Natal content media
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10 de dez. de 2022
In Contos e Crônicas
Todo ano é a mesma coisa. Chega dezembro e começamos a contagem regressiva para as festividades do natal e réveillon. Muitos aguardando ansiosamente as férias para viajar à casa de parentes, amigos, campo, praia. A grande maioria, com o décimo na conta, aproveita para pagar as dívidas adquiridas durante o ano. Uns preferem guardar essa pequena bolada para gastar, se necessário, no novo ano. Além disso, o fim do ano traz a nós muitas reflexões: será que conseguimos cumprir as metas pensadas lá em janeiro? Fizemos tudo o que realmente gostaríamos? Será que saímos dos trilhos por algum motivo? Todo ano é assim, perdemos e ganhamos. Pessoas entram e outras saem de nossa vida. Dezembro traz o Papai Noel, as ruas, praças, casas e empresas enfeitadas, as noites ficam mais claras e a emoção mais aflorada. É aquela hora inevitável de parar e pensar: será que este foi um bom ano? Será que fui uma boa pessoa? As respostas nem sempre são agradáveis aos nossos próprios ouvidos. Temos também a esperança de um próximo ano ainda melhor. Sabemos que muitas surpresas nos aguardam, afinal, temos a plena consciência das incógnitas da vida. Contudo, é sadio pensar em vitórias e sucesso para o que virá. Nesta época do ano, abrace mais aqueles que você ama, fique mais próximo de quem realmente você quer por perto, sorria mais, viva mais, é a melhor e mais linda de todas as épocas. E claro, sem esquecer o grande aniversariante do mês, o Nosso Senhor Jesus Cristo, que dia 25 renasce em nossos corações, para aquecê-lo ainda mais. Viva o final deste ano. Viva o Natal. Viva 2023. Rodrigo Toigo
Mais um ano findando content media
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05 de nov. de 2022
In Contos e Crônicas
Hoje, ao olhar para o calendário na parede da cozinha da minha casa me assustei. Na verdade, caiu a ficha. Já estamos em novembro. O ano está acabando. Daqui dois meses será 2023. O ano de 2022 está se esvaindo por entre nossos dedos. E pensar que todo processo eleitoral já acabou. Passamos por dias conflituosos, e a esperança de dias melhores nos segue. Daqui a pouco, no final deste novembro, teremos a Copa do Mundo, da qual já estou me preparando para torcer pela nossa seleção. Será que dessa vez o Hexa vem? Logo seremos novamente uma só nação, em prol da única seleção pentacampeã. Porém, nos últimos vinte anos a Copa do Mundo não nos trouxe muitas alegrias. Mas deixamos o passado de lado, pois o motivo desta crônica é o presente e o futuro. Vamos unir forças, gritos e energias positivas, para depois de duas décadas comemorarmos um novo e tão sonhado título mundial para o nosso futebol masculino. E pouco mais de um mês e meio vem o quê? O Natal, a época, para muitos, mais bela do ano. Logo os enfeites começarão a serem colocados nas residências, lojas, igrejas e praças... A magia natalina está se aproximando para aquecer nossos corações. Em 2022 podemos dizer que estamos retornando a normalidade. Sem máscaras, sem o fantasma da Covid-19 nos rondando, poderemos apreciar com mais amor as festas de fim de ano. O ano letivo está por findar em breve, formaturas e festas de confraternização já estão sendo organizadas. Olho novamente para o calendário e prefiro não pensar no que passou, pois o que virá será muito melhor. Que este novembro seja repleto de boas novas, para findarmos o ano em paz, com nossos familiares e amigos. Viva a vida. Viva o amor. Rodrigo Toigo
Um olhar para o calendário content media
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08 de out. de 2022
In Contos e Crônicas
Estou cada vez mais estarrecido. Ontem um amigo me contou um fato que me deixou triste e pensativo. Vou lhes narrar, conforme ele me confiou... Chegara a casa, cansado do trabalho, passava da meia-noite. Dirigiu-se para o banheiro, tomou seu banho quente, para se aquecer dos últimos resquícios do frio deste ano. Vestiu seu pijama e foi à cozinha. Abriu sua geladeira, onde encontrou uma panela com o que sobrava do arroz, do feijão e de um pedaço de bife, do almoço. Pôs a esquentar em seu fogão. Enquanto esperava, ligou a TV para assistir ao noticiário noturno. Enquanto assistia as últimas notícias, mexeu o seu jantar, provou-o e serviu-se. Estava pronto para ser degustado. Sentou-se à mesa no mesmo instante que ouviu palmas serem batidas ao lado de fora de sua casa. Assustou-se. Não era comum por ali, àquela hora da noite, alguém bater palmas em seu portão. Assustado, pensando que poderia ser um assaltante (Eles batem palmas? Pensei), abriu sorrateiramente um pedaço da janela da cozinha e qual foi seu susto ao observar que ali estava uma criança, um menino que não tinha mais de dez anos de idade, minguado, raquítico, trêmulo de frio. _ O que você quer a essa hora, menino? – ele perguntou. _ “Tô” com fome, tio – o menino respondeu. E ainda disse que só havia comido no dia anterior. Meu amigo então, mesmo faminto, olhou para a sua mesa. Foi até ela, despejou o jantar não tocado em uma vasilha e resolveu lhe dar todo para o desconhecido infantil. Foi nesse momento que se lembrou de um velho casaco, de um sobrinho, que passara um tempo com ele, que estava em seu quarto. Foi até lá e o pegou. Ao voltar para a cozinha, seus olhos bateram em um cacho de bananas na fruteira. Colocou tudo em uma sacola plástica, mais uma garrafinha de água e tomado de coragem saiu noite adentro para entregar ao menino aquele jantar, com sobremesa e tudo. O menino pegou, agradeceu, e sim, sentou-se ali na calçada fria mesmo, vestindo o casaco, para se alimentar. Agradeceu novamente e pôs-se a comer. Eu ouvi esse relato em silêncio. Não esbocei reação alguma. Quando ele terminou de me contar, eu estava sem reação. Fiquei consternado pelo menino. Pelo país. Pelo mundo. Essa situação ocorreu a um garoto qualquer. Mas ocorre diariamente em nossas cidades, com tantos outros meninos e meninas. Com jovens e adultos. Predestinados a passar fome e frio. E aí eu penso na consciência da classe, nas divisões de classes. Penso na falta de oportunidades para todos, na falta de emprego e moradia digna. Despedi-me do meu amigo e vim para casa. Aqui estou a relatar esse engasgo, pois sim, ficou entalada em minha garganta a história que ele me contou. E o pior de tudo, que o máximo que estou fazendo é digitá-la para que todos a conheçam. E sei também que este assunto é manjado, já o tratei aqui... da outra feita, podia ter feito algo, não o fiz. Desta vez, também, mas continuo apático, quieto e calado, sem nada fazer. Aliás, calado não, pois quem sabe alguém que leia essa crônica se consterne com esse menino e faça algo para acabar com a fome do nosso planeta? Rodrigo Toigo
O RELATO DE UM AMIGO  content media
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09 de set. de 2022
In Contos e Crônicas
Olá, meus leitores, cheio de ideias aqui estou novamente. E hoje, falarei sobre o Setembro Amarelo. Não é apenas um mês qualquer com uma cor qualquer. É um mês especial, onde paramos para pensar, refletir e discutir um dos temas mais complicados que temos por aí, o suicídio. Mas o que leva uma pessoa a cometer esse ato? A depressão? Problemas familiares ou amorosos? Falta de emprego? Outras doenças graves? A perda de um ente querido? Todos esses fatores são fortes candidatos a levarem alguém ao ato fatal. Mas por quê? De acordo com pesquisas, no Brasil, há uma pessoa que comete suicídio a cada 45 minutos. O maior número entre jovens de 15 a 29 anos. Um assunto preocupante, mas ainda tabu. Evita-se falar sobre isso, talvez por medo ou vergonha. Ajudar a quem precisa é algo que podemos e devemos fazer. Contudo, como identificar quem realmente precisa de apoio? Devemos ficar atentos aos nossos familiares, amigos, enfim, as pessoas ao nosso redor. Conversar é sempre importante. E se somos nós quem estamos precisando de apoio, procurar o mais rápido possível ajuda médica. Não devemos nos deixar abatermos pelos problemas. Nem sempre é fácil “falar”. Muitos dizem assim: “só eu para saber o que estou passando”, concordo plenamente. Só quem teve depressão para saber isso. Todavia, precisamos procurar apoio. Um abraço amigo, uma boa conversa, sair do nosso mundinho fechado e conhecer um mundo novo. Recentemente assisti a uma série da Netflix, Bom Dia Verônica, baseada no livro homônimo de Rapahel Montes e Ilana Casoy. O mote inicial é o suicídio de uma mulher que havia sofrido um abuso. Ainda sobre esse tema, o livro Suicidas, do mesmo Montes, narra os motivos que levaram nove jovens a atirarem em si próprios em uma roleta russa. E por fim, ainda cito a série, também da Netflix, de 2017, 13 Reasons Why, baseada também em um livro, cujo título no Brasil é Os 13 Porquês, em que a protagonista Hannah narra em treze fitas k7s os motivos que a levam a dar cabo a própria vida. Todas essas obras (citando apenas algumas, entre tantas outras), sejam literárias ou em formato de série ou até mesmo filmes, como Um Grito de Socorro, nos apresentam conflitos entre jovens, cujo fim é trágico. Infelizmente, muitas vezes, a vida real imita a arte. Muitas são as formas de tirar a vida. Mas muitas são as maneiras de mantê-la. Sem dificuldades, ninguém vive. Ou você, meu leitor, é 100% feliz? Nunca teve problemas? Nunca chorou? Nunca teve momentos de profunda tristeza? Mas sempre tem aquela hora que devemos dizer: chega!!!! Quero viver... viver e sorrir! Pedir ajuda, conversar, se distrair, sair da bolha em que vive e lutar pela vida, pela felicidade. Viva, então, a vida! Sorria e seja feliz! Grande e forte abraço. Até a próxima. Rodrigo Toigo
VIVA A VIDA, SORRIA E SEJA FELIZ! content media
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03 de set. de 2022
In Contos e Crônicas
Olá, meus queridos leitores, tudo bem? Hoje me peguei a pensar: semana que vem teremos dois feriados por aqui, aguardados como nunca, após o interminável mês de agosto. Primeiramente, temos o famoso dia 07 de setembro, em que devemos comemorar nossa liberdade histórica. Após dois árduos e tristes anos festejaremos novamente com os famosos desfiles, não é mesmo? O meu coração já bate forte ao ouvir os ensaios da Fanfarra do Abílio Carneiro. Quanta emoção, após o terrível período pandêmico. Aos poucos tudo vai se normalizando, e eventos como esse devem ser prestigiados com alegria e satisfação. E sem dúvida, nossa praça se encherá de jubilo na manhã do dia 07. Já estou ansioso! Há 200 anos, D. Pedro gritava “Independência ou Morte”, preferiu-se a independência, é claro, mas para isso, muito se lutou. Portugal deixou de ser nosso “pai”, e nossas terras passaram a caminhar com seus próprios filhos a lhes comandar. Muito se mudou de lá para cá, e muito se tem a mudar. Vivemos em um processo evolutivo, em que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano. Dia desses ouvi de um amigo que para ele o único bom motivo do famoso sete de setembro é que pode ficar o dia todo descansando. Eu concordei com ele, mas em partes, afinal, a importância da data é gigantesca. E por falar em feriado como um merecido descanso, temos o dia 08, feriado municipal, que muita inveja causa nas cidades vizinhas. Digo, aliás, que é uma pena não emendarmos na sexta-feira e fazermos dela um belo recesso. Ademais, como o povo brasileiro é adepto a um feriadinho, seja ele santo, histórico ou pagão, não é não? Feriado é feriado. Eu, particularmente, me amarro em um, e quando vem em dupla, como semana que vem, melhor ainda. Viva D. Pedro que às margens do Rio Ipiranga nos libertou das garras portuguesas. Viva a nossa Padroeira que nos abençoa diariamente, Nossa Senhora da Luz. E viva os feriados, para alguns, mais esperados do que o próprio Papai Noel, que já começa a se preparar para dezembro... E por falar em feriados, outubro e novembro estão despontando com belas folgas... Rodrigo Toigo
E VIVA OS FERIADOS!! content media
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13 de ago. de 2022
In Contos e Crônicas
Certa vez eu li uma crônica do Walcyr Carrasco sobre a perda de um amigo. Em outra feita, li uma de Carlos Heitor Cony, sobre o mesmo assunto. O amigo de ambos era um cachorro e uma cadelinha, respectivamente. Sem querer me comparar ao talento genial de ambos os cronistas, redijo esta minha com o peito apertado, corroborando com ambos a dor de perder um amiguinho de quatro patas. Há pouco mais de onze anos, em visita a casa dos meus tios na vizinha cidade de Abelardo Luz, eu ganhei um filhote mestiço, todo branco com pintas pretas, bem pequenino. Há anos não tínhamos em casa um animalzinho, então meus pais resolveram aceitá-lo. O primeiro embate foi sobre o nome: eu queria Pintado, visto as pintas dele, contudo, meu pai preferia Pitoco, por causa de uma música do Teodoro e Sampaio, cujo cãozinho do clipe era igual. Mas claro, meu pai acabou vencendo a guerra do nome. Por alguns dias o mantivemos na garagem, até ele crescer um pouco. Depois, ganhou sua própria casinha, confortável como um bom amiguinho deve ter. E ali ficou por anos a fio, sempre brincalhão e comilão. Aliás, comia de tudo... comida e ração, e no domingo após o almoço, era aquela festa, recebia ossos e carne do churrasco. Aliás, aonde íamos lembrávamos em trazer um pouco de carne para ele. Cresceu forte, robusto e saudável. Nada de incômodo, detestava banho, é verdade, e sempre que saía do tanque ia direto para a terra se rolar. Sempre com as vacinas em dia, pulava de alegria quando me via. Ah, como ele atendia pelo nome de Pitoco. E latia quando ouvia minha voz perto da janela onde ele sempre ficava. Latia para os pássaros também, era uma alegria. Alegria essa quando corria pelo jardim de casa, e quantas vezes se aproveitou de um descuido do portão aberto para fugir pela rua. Mas sempre, meu pai ou eu, conseguíamos capturá-lo rapidamente e o trazia para seu doce lar. Ano passado, o já meio idoso Pitoco foi agraciado com uma casinha novinha em folha, em frente à janela da minha biblioteca, para cuidar do meu acervo de cultura. O sempre gordinho amiguinho começou a ficar doente, lentamente, levamos ao veterinário, o tratamos, e melhorou... contudo, nas últimas semanas ele novamente se abateu, o Dr. Fabiano muito bem o tratou, mas infelizmente não se havia muito a fazer. O pobre coitado estava com os dias contados. Trouxemos para dentro de casa novamente, foi aos poucos parando de andar, latir, comer e beber água. Seus olhos em meus olhos eram de angústia, dor, sofrimento. Até que hoje, aquele anjinho de quatro patas partiu. Parou de sofrer e também de nos alegrar. Escrevo esta crônica e olho pela minha janela. Sua casinha nova, a qual aproveitou pouco mais de um ano, está vazia. Seu pote de ração está quase cheio. E a saudade no peito aperta a cada instante. Despeço-me aqui, pois caiu um cisco enorme no meu olho... Rodrigo Toigo
O ADEUS AO MEU AMIGUINHO DE QUATRO PATAS content media
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Portal MEIGA TERRA
06 de ago. de 2022
In Contos e Crônicas
Falar de memórias é sempre algo empolgante e emocionante. Eu, por exemplo, lembro-me de quando ainda criança chegava das aulas do Castelo Branco, onde estudava à tarde, no antigo primário, e corria para frente da televisão. E aí começava uma maratona noveleira: eram os dramas das seis, as comédias das sete, e os romances das oito, todas da Globo, e ainda sobrava um tempinho para os melodramas mexicanos do SBT. Sempre na companhia de minha mãe, e nas novelas mais tarde, do meu pai também, após chegar do trabalho. Eram bons tempos. Tenho memórias deliciosas daquela época, pois às vezes até brigava para poder ver a trilogia das Marias, da Thalia, ou então, A Usurpadora, à época, no mesmo horário do Jornal Nacional. Faz parte das minhas lembranças grandes histórias de amor, onde eu ria e me emocionava. Consigo lembrar com exatidão uma cena em que um personagem (infelizmente não lembro a novela), já idoso, era humilhado por alguém, e eu chorei compulsivamente. Outra vez, recordo como se fosse hoje, ao final do último capítulo da novela mexicana Carrossel, chorei piedosamente, de soluçar, a época, era uma reprise que passava no horário do almoço. Pois é, depois disso eu fui crescendo, comecei a trabalhar e passei a estudar à noite. E já eram as novelas da Globo ou do SBT. Ficaram apenas na lembrança. Acompanhava sobre elas nos jornais – ainda impressos – e nos primeiros sites de fofocas que foram surgindo na ainda “bebê” internet. Com o tempo, é verdade, aquela paixão infantil e adolescente por esses melodramas, foi ficando de lado. Contudo, o mundo evoluiu, as novelas foram caindo em qualidade, e eis que surgem os famosos streamings, que vieram para dividir com a TV os nossos sonhos. Ali podemos assistir a hora que quisermos e pudermos a filmes, séries, novelas, desenhos animados e documentários. Demorei um longo tempo para me render a Globoplay, mas ao ler um anúncio promocional, não pensei duas vezes: assinei. E agora estou apaixonado por uma história que nunca assisti, mas que fez parte da minha infância por tudo o que remetia a ela: Vamp, uma famosa comédia das sete, sobre vampiros. E que delícia nostálgica está sendo assisti-la. Chego a sonhar com as personagens. Fora tantas outras atrações que estão ali, na telinha à hora que eu puder ver. E hoje, ao escrever esta crônica sobre memórias da TV, não posso deixar de enaltecer um grande humorista, apresentador e escritor: Jô Soares, que se foi, deixando um legado de experiência, talento e vitalidade, entre programas de humor da Record, Globo e SBT, e seus talk shows, com inúmeras e deliciosas entrevistas. A TV brasileira perde mais um monstro do humor, e assim, ficamos mais tristes. E a nossa literatura se despede de um grande escritor, aliás, li recentemente O Xangô de Baker Street, uma graciosa viagem aos tempos de D. Pedro II. Pois é, o tempo passa, e os grandes se vão, e novos talentos vão chegando. Difícil superar os antigos, mas nada impossível. Cada qual com seu próprio espaço. Agora, me deem licença, pois a Natacha, os Rochas, a Carmem Maura e a família Matoso estão me aguardando, para mais um capítulo de Vamp. Rodrigo Toigo
CRÔNICA NOSTALGIA content media
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Portal MEIGA TERRA
30 de jul. de 2022
In Contos e Crônicas
Eu estava aqui a pensar: sobre o que escrever? Por algum tempo a falta total de assunto se assolou sobre mim e nada me vinha à mente para redigir minha simples crônica semanal. Contudo, hoje isso mudou. Essa mudança veio a partir de um telejornal que assistia com minha mãe, e a notícia que vi, chocou-me profundamente. E aí aguçou minha vontade de escrever. Desabafar. Com um misto de tristeza, raiva e piedade aqui estou a escrever tais linhas. Acreditem, amigos leitores que me acompanham nesta coluna, que um homem – aqui não o chamarei de pai – teve a coragem de ceifar a vida de um filho de apenas três meses e dois dias de idade, e junto dele, de sua esposa de pouco mais de vinte anos. Sim, esse fato é real e ocorreu em Blumenau, linda cidade catarinense. Estou chocado, realmente. Vejam, nas últimas semanas li notícias bárbaras, como um policial de Toledo que matou filhos, familiares e desconhecidos, oito ao todo, em um ato de “loucura”. Cometeu suicídio após todos os crimes. Outros casos, como um filho que matou o pai, ou um jovem de 18 anos que matou a mãe, ambos no Paraná. E aí eu me questiono: o que está ocorrendo com nossas famílias? Cadê o bom senso? Pensava eu, e muitos pensavam igual a mim, não tenho dúvidas, que a pandemia mudaria o jeito de pensar e agir de muitas pessoas, imaginava até que a maldade deixaria de ser tão forte, afinal, o mundo “virou de ponta cabeça”, entretanto o que observamos é que nada mudou, e se pensarmos um pouco mais, piorou! Gostaria de continuar sem assunto para a minha crônica a escrever sobre esses últimos acontecimentos. O mundo está em guerra. Nós estamos em guerra. A violência, a falta de amor e humanidade faz com que vivamos em um mundo caótico. E o pior, não consigo ver no horizonte uma saída para tamanhos absurdos que acometem nossa sociedade. Porém, mesmo assim, não podemos perder a fé e a esperança. E que Deus nos proteja!! Esses são os graves problemas que a família enfrenta. A falta de compaixão e compreensão. Crimes, mortes, lágrimas e dor de quem fica. Aí que está o ponto culminante. Fala-se tanto sobre as novas formações familiares, mas muito se esquece dessas brutalidades que ocorrem ao nosso redor. Mais compaixão, mais calma. Mais amor!! É o que precisamos para vivermos felizes e tranquilos!! Rodrigo Toigo
Crônica pela família content media
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Portal MEIGA TERRA
16 de jul. de 2022
In Contos e Crônicas
O que eu vou lhes contar ouvi de alguém, na verdade esse amigo que me contou, viu uma situação que achou um verdadeiro absurdo. Um abuso, para ser mais específico. O fato é que ele estava em um restaurante dia desses, sentado, almoçando, e viu, em um canto, um casal. À princípio não percebeu nada de estranho, diferente, naqueles dois. Contudo, quando ele levantou seu olhar, mastigando algo que não recordava, deu de encontro com os olhos da mulher, e ela, pasmem, meus queridos leitores, chorava. Sim, aquela mulher, que segundo relatou o meu amigo, loira de cabelos longos, derramava lágrimas. Esse meu amigo, até prefiro não citar o nome, achou aquela situação estranha, e começou a observar o que estava acontecendo. Notou que o rapaz que estava com ela falava algo, muito baixo, a ponto de não conseguir ouvir. Mas a mulher, pobre coitada, essa sim, ouvia, e pelo visto, não gostava do que ouvia. Deixando o almoço esfriar, esse meu amigo viu aquele rapaz, que não tinha mais de 25 anos, apontando o dedo para o rosto da mulher, tão jovem quanto ele. Sim, ele apontava o dedo como se dissesse: “Escute, estou falando contigo”, pois nesse momento ela estava com os olhos virados para a mesa. Com certeza era uma discussão entre um casal. Com certeza aquele rapaz estava mostrando que ele é quem manda na relação, sem dúvida alguma por algum motivo, que pode até ser sagaz, daqueles bem banais, foi o motivo daquela conversa, ou seria uma discussão, quem sabe, em uma mesa de restaurante. O fato final é que meu amigo percebeu a mulher sair sozinha, quase correndo, com as bochechas vermelhas, e os olhos em lágrimas, pela porta do restaurante. E sim, o rapaz ali ficou sentado, parecia furioso, estava com o rosto todo vermelho também, a ponto de explodir. Esse, assim que a mulher saiu pela porta, levantou-se e foi ao caixa, próximo de onde meu amigo estava. Chegou para o senhor que estava atendendo naquele dia e esbravejou: “Não sei como essas mulheres de hoje em dia não aprendem que quem manda somos nós, os homens!” Pagou a conta e se retirou, deu-lhe uma olhada, com um sorriso de satisfação, como se ele soubesse que o meu amigo, aquele pobre homem que deixara seu almoço esfriar, entreouviu tudo o que ocorreu em sua mesa. E aí, só para terminar nosso papo, pedi para meu amigo se ele ou o senhor que atende o restaurante falaram algo para aquele homem. E ele me respondeu que não, pois o silêncio para esse tipo de situação, para homens como aquele, machistas ao ponto de pensarem que ainda vivem no século XIX, é o silêncio. Eu, amigos leitores, já penso diferente, quanto mais nos calarmos, homens e mulheres, existirão seres abomináveis como aquele ser, que eu não conheço, e sinceramente, prefiro não conhecer. Mas me calar diante disso? Jamais... Nota-se por essa crônica, redigida às pressas, afinal de contas, tenho muito trabalho a fazer... Rodrigo Toigo
Dois jovens e um par de olhos content media
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